sábado, 16 de junho de 2012

Pequena reflexão sobre Perdas e défices do tempo.




Perder alguém que se ama muito é igual à noção de tempo espaço do inferno. É uma constatação inefável que perdura por séculos em décadas; a eternidade da ausência.

Prendemo-nos dentro de caixas de concreto, tentando achar na parede do quarto um espelho que nos mostre o ontem, porque até do futuro nos ausentamos por antecipação. Parando e chorando. Depois que as lagrimas beijam o chão, elevamos nossa vista para alguma parede, e pronto: Aquele momento já passou, e o presente que o presente nos deixa é poder guarda-lo na caixa do passado – Em algum lugar dentro da caixa de concreto. O problema é que muitas vezes estes presentes machucam – Imagine guardar cobras venenosas e sempre ser picado ao colocar as mãos no serpentário para alimenta-las - Pessoas, fatos, Crenças. Existe de tudo dentro destas caixas, e manter ali dentro alguém que se ama é se prender de certa forma também.
Sempre nos prendemos. Vivemos nos acorrentando a cada causa e emoção, pois temos a necessidade de sofrer. O ser humano precisa sentir dor pra acreditar que está vivo. E dentro da caixa viva, que é o corpo, pulsa uma caixinha que é o coração; preso no peito. No exterior um choro copioso e audivelmente pessimista. Esta é a eternidade da dor...
... Em cada coração murcho uma memoria aterradora... Às vezes tão linda que amedronta os dias. Encaixotadas e conformadas como vermes presos dentro de um esqueleto.

Y.D Myers

Um comentário:

  1. "... e o presente que o presente nos deixa é poder guarda-lo na caixa do passado – Em algum lugar dentro da caixa de concreto."

    Fazia muito tempo que não lia uma reflexão tão profundamente bem escrita e de um lirismo tão apropriado!
    Parabéns, Poeta!
    Seguindo-o... com carinho e admiração.
    Um grande abraço!

    Karla Mello

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