quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Extraída


limpei o suor com o facão que usei
as ruas que cortei me levaram à tua casa
gostaria de saber quem te arrancou de lá
só achei tua mãe com um sorriso de desdem
desses que humilham quem vê e alegra quem ri


ontem vi sua foto do lado do sinzeiro da sala

foram um maço de lamurias que fumei
usei as bitucas para formar a letra "E"
e dormi no sofá te enxergando no teto


seria tão facil o impossivel descomplicado

como aleijar um cego à estocadas
e na pele abrir um sacramento


provavelmente sua mãe morreria antes

provavelmente eu tambem morreria
provavelmente você tambem


mas qualquer dia desses de ócio

me desprendo de meu quarto sem orbita
com os pés na laje e a cabeça pro chão
numa abnegação de mundos
- como você noutra casa
noutros pelos -
sem medo
(YZZY DANIEL MYERS)

Besta Lunar



lá atrás da lua onde tudo é oculto
e ofusca a vista com a mais clara luz
ouço a fome e vejo o migrar do pus
nas florestas de febre branca
cochelas negras onde a dor se esbanja
falhado, mau feito é o meu anceio
que de pequeno mudo e fraco;
forte, rubro e talho, se forma medo

e são argueiros em cada olho gordo
e tumbas em cada beijo tosco
vejo uma ira que me segue ao vento
e me arrepia de pensar na faca e na lama
tudo se torna tão sujo que me calo
e me consolo num choro falsso
saindo de traz da lua me vejo mau

choro, oro e tremo; me vejo bom
- por um momento

(Y D Myers)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Etílico

dentro de minha nuca reside uma dor
arrancando meus olhos pode-se enxerga-la
ela mexe com minha cabeça  derrubando meu corpo
me deixando na privada com a lingua assada

atras das minhas falhas existe " dias"
num passado falho e num futuro incerto
arrancando as horas sobra  o medo
ele me guia até a privada com a lingua assada

na frente do vaso se prostra um tolo
murcho por não ter mais o que cuspir
engole a lingua em seco e sangue
 os cacos da garrafa ainda ferem a alma

(Y D Myers)