segunda-feira, 15 de outubro de 2012
O que me veio à cabeça
Quando se é jovem o mundo é menor que nossos sonhos . nós o engolimos impetuosamente com os nossos amores. Mas o tempo passa, e nós, velhos e desgastados, vemos uma imensidão de céu la fora, obrigando nossos Amores a ficarem empoleirados , empoeirados, com medo de se perder. Como livros velhos numa feira de sábado...
cada mão diferente leva um.
Deveras seria sorte se voltassem a se encontrar em alguma casa.
(Y D M)
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
A Extraída
limpei o suor com o facão que usei
as ruas que cortei me levaram à tua casa
gostaria de saber quem te arrancou de lá
só achei tua mãe com um sorriso de desdem
desses que humilham quem vê e alegra quem ri
ontem vi sua foto do lado do sinzeiro da sala
foram um maço de lamurias que fumei
usei as bitucas para formar a letra "E"
e dormi no sofá te enxergando no teto
seria tão facil o impossivel descomplicado
como aleijar um cego à estocadas
e na pele abrir um sacramento
provavelmente sua mãe morreria antes
provavelmente eu tambem morreria
provavelmente você tambem
mas qualquer dia desses de ócio
me desprendo de meu quarto sem orbita
com os pés na laje e a cabeça pro chão
numa abnegação de mundos
- como você noutra casa
noutros pelos -
sem medo
(YZZY DANIEL MYERS)
Besta Lunar
lá atrás da lua onde tudo é oculto
e ofusca a vista com a mais clara luz
ouço a fome e vejo o migrar do pus
nas florestas de febre branca
cochelas negras onde a dor se esbanja
falhado, mau feito é o meu anceio
que de pequeno mudo e fraco;
forte, rubro e talho, se forma medo
e são argueiros em cada olho gordo
e tumbas em cada beijo tosco
vejo uma ira que me segue ao vento
e me arrepia de pensar na faca e na lama
tudo se torna tão sujo que me calo
e me consolo num choro falsso
saindo de traz da lua me vejo mau
choro, oro e tremo; me vejo bom
- por um momento
(Y D Myers)
cochelas negras onde a dor se esbanja
falhado, mau feito é o meu anceio
que de pequeno mudo e fraco;
forte, rubro e talho, se forma medo
e são argueiros em cada olho gordo
e tumbas em cada beijo tosco
vejo uma ira que me segue ao vento
e me arrepia de pensar na faca e na lama
tudo se torna tão sujo que me calo
e me consolo num choro falsso
saindo de traz da lua me vejo mau
choro, oro e tremo; me vejo bom
- por um momento
(Y D Myers)
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Etílico

arrancando meus olhos pode-se enxerga-la
ela mexe com minha cabeça derrubando meu corpo
me deixando na privada com a lingua assada
atras das minhas falhas existe " dias"
num passado falho e num futuro incerto
arrancando as horas sobra o medo
ele me guia até a privada com a lingua assada
na frente do vaso se prostra um tolo
murcho por não ter mais o que cuspir
engole a lingua em seco e sangue
os cacos da garrafa ainda ferem a alma
(Y D Myers)
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Atrás dos sinos da alma
E foi assim que vi e revi
na noite, promessa feita
e vestes que me alegraram
foram olhos que se uniam
e mãos que se tocavam
O doce da noite no lábio do acaso:
são fatos, fotos do inesperado
caricias sem maior intenção - ou não.
rosto sereno com olhos fujões
que fugiam a cada sono
retornando nas relvas e canções
na distancia dos sonhos
e nas promessas medonhas
que a felicidade nos faz
- com pés atrás –
...E em praça cheia
em frente à igreja
dois olhos famintos
ouvindo pra torre
com alma e seiva
o canto do sino
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Versos ao meu diabo particular
Acordei e não amassei o pão
O leite vem das tetas de minha riqueza
Servidão que não me deixa rezar,
Vogo o ouro da sangria em proposta
com linda princesa em meu terreiro
Discreta a servir-me trocado e fama,
Brinde e namoro pra quem se ufana
Ventre adorado num divinal lampejo
Na cruz; figura que tão me assombra
Às claras; tumba do vão carneiro
Nas sombras; castiçal de desejos
Plantio do mal em realejo,
Diabo de carne e polpa
Outorgado a ciscar no meu chiqueiro
(Yzzy Daniel Myers)
O leite vem das tetas de minha riqueza
Servidão que não me deixa rezar,
Vogo o ouro da sangria em proposta
com linda princesa em meu terreiro
Discreta a servir-me trocado e fama,
Brinde e namoro pra quem se ufana
Ventre adorado num divinal lampejo
Na cruz; figura que tão me assombra
Às claras; tumba do vão carneiro
Nas sombras; castiçal de desejos
Plantio do mal em realejo,
Diabo de carne e polpa
Outorgado a ciscar no meu chiqueiro
(Yzzy Daniel Myers)
sábado, 16 de junho de 2012
Pequena reflexão sobre Perdas e défices do tempo.
Perder alguém que se ama muito é igual à noção de tempo espaço do inferno. É uma constatação inefável que perdura por séculos em décadas; a eternidade da ausência.
Prendemo-nos dentro de caixas de concreto, tentando achar na parede do quarto um espelho que nos mostre o ontem, porque até do futuro nos ausentamos por antecipação. Parando e chorando. Depois que as lagrimas beijam o chão, elevamos nossa vista para alguma parede, e pronto: Aquele momento já passou, e o presente que o presente nos deixa é poder guarda-lo na caixa do passado – Em algum lugar dentro da caixa de concreto. O problema é que muitas vezes estes presentes machucam – Imagine guardar cobras venenosas e sempre ser picado ao colocar as mãos no serpentário para alimenta-las - Pessoas, fatos, Crenças. Existe de tudo dentro destas caixas, e manter ali dentro alguém que se ama é se prender de certa forma também.
Sempre nos prendemos. Vivemos nos acorrentando a cada causa e emoção, pois temos a necessidade de sofrer. O ser humano precisa sentir dor pra acreditar que está vivo. E dentro da caixa viva, que é o corpo, pulsa uma caixinha que é o coração; preso no peito. No exterior um choro copioso e audivelmente pessimista. Esta é a eternidade da dor...
... Em cada coração murcho uma memoria aterradora... Às vezes tão linda que amedronta os dias. Encaixotadas e conformadas como vermes presos dentro de um esqueleto.
Y.D Myers
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