sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Barras de ouro( Pequena homenagem a Rubem Alves)

Pequena homenagem a Rubem Alves

Poucas vezes um escritor conseguiu tocar tanto a minha Alma como Rubem Alves. Lembro-me de certo dia na minha adolescência (não me recordo precisamente o ano, mas arrisco falar que tinha meus  17 ou 18 anos) de minha mãe chegar ao quarto com um punhado de livro nas mãos e joga-los na minha cama. Era de costume fazer isto, ela trabalhava duro fazendo faxina  em um apartamento de classe media no centro da cidade, sempre era presenteada por barras de ouro, que sua patroa erroneamente dispensava , e as doava, achando ser entulho na estante. Meus olhos brilhavam a cada livro ganho, e foram tantos escritores maravilhosos, tantos mundos eu desbravei nesta época, ah que nostalgia.
Um livro especificamente me chamou a atenção, era de um escritor, cronista, teólogo e psicanalista, chamava-se Rubem Alves.  Abri o tal livro e dia após dia refrescava meu espirito com aquelas palavras tão justas de esperança misericórdia e reflexão, é impressionante a carga de espiritualidade e regozijo  presentes em suas palavras, era um riacho doce e morno como nunca havia me banhado antes. Talvez a identificação de minha parte tenha se dado ao fato de minha formação protestante, uma vez que o autor tem muito da espiritualidade cristã em sua obra, mas o certo é que nunca mais fui o mesmo depois deste livro. "O Retorno e terno" era seu titulo.
Pulo aqui a parte de ficaria horas a finco citando inúmeras frases e trechos marcantes  dos livros deste escritor...levaria horas, dias...fazendo isso.
Para fechar, certo tempo depois na sala de aula do curso de letras, emprestei este livro para um amigo. Ele elogiou bastante. Lembro-me de esbravejar muito quando o  mesmo certo dia me fez uma das piores invejas  que já me fizeram, me contou que havia ido no shopping, numa sessão de autógrafos  de  nada mais, nada menos quem? Ele mesmo, Rubem Alves.  Eu não sei por que cargas d’água eu não estava sabendo disto.
Semanas depois este meu amigo largou a faculdade e mudou de cidade e eu nunca mais vi este exemplar. Aprendi muitas coisas com aquele livro, Sei que ele também. Adquiri outros títulos do mesmo autor, hoje fazem  parte de meu tesouro particular. Às vezes lembro  e dou risada, alguém também havia levado uma barra de ouro minha, mas uma coisa que me da conforto é pensar que livros são um tesouro não corrompível, pois mesmo sendo muito valiosos, as vezes  brigamos, não para tê-los e sim por ter a oportunidade de presenteá-los.

2 comentários:

  1. Rubem me relembrou q a criança se encanta com o banal e dai passei a levar o banal pras aulas do teatro infantil e elas me encantaram.

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  2. é muito bom ler sobre estas experiencias...grande Rubem Alves, tem muitas historias alheias em seu brilhante percurso. valew pela leitura Man.

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